quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Posso usar um genérico?

Essa pergunta é repetida quase que diariamente no meu consultório, o que é , até certo ponto surpreendente, considerando-se o tempo em que os genéricos estão sendo comercializados. Para que a gente esclareça bem essa questão, é preciso distinguir três categorias de medicamentos: os genéricos, os similares e os medicamentos de referência. Os genéricos são aqueles medicamentos que contém o mesmo fármaco (pincípio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica do medicamento de referência no país. O Ministério da Saúde através da ANVISA, avalia os testes de bioequivalência entre o genérico e seu medicamento de referência, apresentados pelos fabricantes, para comprovação da sua qualidade. Os similares são medicamentos que possuem o mesmo fármaco, a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência (ou marca), mas não têm sua bioequivalência com o medicamento de referência comprovada. Já os medicamentos de referência são, normalmente, medicamentos inovadores, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente. São os medicamentos que, geralmente, se encontram há bastante tempo no mercado e tem uma marca comercial conhecida. Assim, se você quiser, poderá, sim usar um medicamento genérico, pois o efeito tende a ser o mesmo.

Para obter uma lista completa de medicamentos genéricos procure o site da ANVISA: www.anvisa.gov.br

Participando de pesquisas em psiquiatria

Recentemente a imprensa divulgou que o vice-presidente José Alencar está fazendo uso de um medicamento experimental para o tratamento do câncer contra o qual vem lutando. Se você é portador de alguma doença psiquiátrica, você pode, em algum momento, ser convidado para utilizar algum tratamento experimental ou para fazer parte de alguma pesquisa médica. Algumas vezes esse tipo de situação gera na pessoa uma reação imediata de repulsa, com aquela ideia de que o tratamento nesse contexto envolveria transformar a pessoa em "cobaia" ou algo do gênero. O que acontece, na prática, é que a medicina ainda apresenta inúmeras lacunas no conhecimento e isso faz com que, muitas vezes, o médico e o paciente tenham que tomar decisões importantíssimas com uma frágil base científica para isso. O conhecimento só virá com o estudo de mais e mais pacientes portadores de determinadas condições. Para garantir o bem estar das pessoas que participam de estudos de pesquisa, existem uma série de princípios éticos que governam os estudos e diversas normas e diretrizes das instituições de pesquisa (geralmente feitas em universidades). Por exemplo, a participação em pesquisas sempre é espontânea e o sujeito de pesquisa só participará de um estudo depois de fornecer um termo de consentimento por escrito aos pesquisadores.

Quando é a hora de participar de um estudo de pesquisa?

No caso do vice-presidente a sua participação iniciou após a constatação de que as medicações mais estudadas não estavam tendo um efeito terapêutico importante. Esse é um momento em que você pode pensar em participar de um protocolo experimental, pois o tratamento em estudo pode ser até mais eficaz que o tradicional. Outra possibilidade de participação é quando determinados recursos terapêuticos que você acha que podem ser interessantes para você estão sendo testados, como abordagens em grupo, técnicas de psicoterapia ou tratamentos ditos "naturais ou alternativos". Além disso, algumas vezes, procedimentos diagnósticos podem estar sendo estudados no local em que você é atendido, como exames de neuroimagem, exames de sangue ou testes neuropsicológicos.

A presença de atividades de pesquisa em uma instituição e o envolvimento da esquipe que atende você com pesquisa costuma ser um excelente indício de qualidade no tratamento. Ela indica uma preocupação com a geração de novos conhecimentos e uma busca constante pelo oferecimento da melhor assistência possível ao paciente.

Então, se chegar até você a possibilidade de participar de uma pesquisa, pense com carinho, pois você pode estar contribuindo não só com o seu processo de diagnóstico e tratamento, mas com todas as pessoas que sofrem do mesmo problema que você.

Antidepressivos e menopausa

Bom, já que estamos falando dos problemas que afetam as mulheres, uma outra grande preocupação daquelas que estão na faixa dos 40 a 50 anos são aqueles desconfortáveis "calorões" que a menopausa traz. Até alguns anos, os ginecologistas tinham como prática corriqueira a prescrição de hormônios, o que aliviava muitos esses sintomas. Com o surgimento de estudos que relacionavam a reposição hormonal a um pequeno aumento do risco de câncer de mama, muitos ginecologistas se tornaram bem menos liberais no momento de prescrever hormônios. O que nem todo mundo sabe é que medicamentos com efeito antidepressivo podem aliviar os desagradáveis fogachos. Um desses medicamentos é o Pristiq, um novo antidepressivo produzido pela Whyet e outro é o Equilid, produzido pela Merrell Lepetit. Ambos tem uma baixa incidência de efeitos adversos e podem melhorar os fogachos sem afetarem o risco de câncer.

TPM acentuada pode ser doença

As mulheres são um bicho esquisito mesmo. Todo o mês as coitadas tem o seu organismo submetido a uma grande variação hormonal e, muitas vezes, à uma importante variação de humor também. Os hormônios produzidos pelos ovários são de dois tipos principais: o estrógeno e a progesterona. O estrógeno predomina na primeira fase do ciclo (os primeiros 14 ou 15 dias após a menstruação) e a progesterona predomina na segunda fase do ciclo (os 14 dias anteriores à menstruação), após a ovulação. Esses hormônios apresentam a característica de passarem muito facilmente para o cérebro e lá influenciam diversos circuitos responsáveis pela regulação do humor, do sono e da energia. Os hormônios que inundam os neurônios também atravessam facilmente essas células, entram no seu núcleo e atuam diretamente no DNA funcionando como um sinal para o neurônio produzir substâncias variadas, como os neurotransmissores. A segunda fase do ciclo comumente é marcada por uma leve irritabilidade, tendência ao choro ou maior sensibilidade a acontecimentos ambientais. Esse fenômeno, que os maridos conhecem tão bem, em algumas mulheres é muito exagerado. São aqueles casos em que a TPM é tão forte que a mulher fica muito irritada, "arruma" brigas, fica ansiosa, não dorme, come um pouco a mais (ou fica com uma certa tendência a preferir um "chocolatinho" à sua alimentação usual) e chora até em propaganda de TV. Além de causar desconforto, esse tipo de situação pode levar a prejuízo nas relações familiares, amorosas e profissionais, dando à mulher aquela sensação de que "nem ela mesma se aguenta". Uma variação leve de humor no período pré-mentrual é normal e esperada, mas quando esta fase passa a representar um sofrimento para a mulher e para os que convivem com ela, alguma coisa está errada. Essa situação é classificada pela psiquiatria com o nome Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. Quando isso acontece vale à pena consultar um psiquitra ou um ginecologista, pois existem alternativas medicamentosas que podem melhorar bastante o quadro. Os maridos agradecem...e também os filhos, colegas, clientes, amigos, irmãos, chefes, alunos....