sexta-feira, 31 de julho de 2009

Pare de fumar!

Pois é... nessa sexta-feira entra em vigor mais uma medida para dificultar a vida dos fumantes, a proibição do fumo em bares e restaurantes (mesmo em áreas abertas). O cerco aperta mas persiste uma questão interessante. Por que, com toda a informação disponível sobre os malefícios do cigarro, as pessoas continuam fumando? Vou expôr aqui algumas evidências da literatura médica, mas, é claro, existem diversas outras. Uma delas é o que chamamos de modelagem. Modelagem é a cópia de um comportamento, um tipo de aprendizado muito importante no desenvolvimento humano. Assim, desde pequenininhos repetimos comportamentos dos nossos pais, professores, amigos, irmãos, sem que precisemos necessariamente entender o porquê desse comportamento. É claro que, se presenciarmos pais ou amigos fumando, a chance de que experimentemos o cigarro é maior e ninguém se torna dependente de algo que nunca tenha experimentado. Em segundo lugar, entram as crenças a respeito do cigarro (e isso vale para álcool e drogas também) que se desenvolvem na nossa cabeça, também desde a infância e adolescência. Se uma pessoa cresce com a ideia de que o cigarro é perigoso e pode matá-la a chance de desenvolver uma dependência à nicotina diminui. Em terceiro lugar entram as características próprias de personalidade e temperamento de cada um, especialmente no que se refere à impulsividade. Algumas pessoas gostam de novidades, buscam mais o prazer que outras e tendem a ter menos medo das consequencias nocivas de determinadas ações. Por fim, depois que a pessoa experimentou, existe uma série de fatores que mantém essa dependência, como prazer que o cigarro dá à pessoa, uma ideia de que o cigarro vai aplacar emoções negativas, como a ansiedade ou a tristeza ou mesmo fatores genéticos que determinam, pelo menos em parte, a dificuldade de parar de fumar.

Mas, atenção! Se você quer parar, existem saídas. Existem medicamentos desenvolvidos originalmente como antidepressivos que facilitam a retirada do cigarro, bem como os adesivos e a goma de nicotina que diminuem a sensação de abstinência dessa substância. A tudo isso, podem ser agregadas diversas formas de intervenção psico-social, como terapia individual ou em grupo.

Portanto, se você está com medo de pagar multa no restaurante ou está tendo que escapar pra um cantinho pra fumar, pense seriamente em procurar ajuda e buscar algum dos recursos que a ciência oferece pra você pra se livrar do cigarro. Até hoje não conheci ninguém que se arrependeu de parar de fumar.

Déficit de atenção e hiperatividade

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma doença neurodesenvolvimental que surge durante a infância. Caracteriza-se por dificuldades atencionais, impulsividade e hiperatividade. É uma doença comum e que pode atingir de 1 a 6% da população adulta. Em geral, na história de adultos com TDAH, existem dificuldades detectadas já na escola, como problemas em manter a atenção, em permanecer sentado na cadeira durante uma aula ou em manter o auto-controle. Os boletins escolares costumam ser recheados de adjetivos, como "dispersivo", "distraído", "conversador", "desconcentrado", etc. Já na vida adulta, os portadores de TDAH podem notar em si mesmos uma grande dificuldade em finalizar projetos, em persistir nas tarefas que não lhe parecem desafiadoras, em lembrar de compromissos, em executar tarefas que exigem organização ou em realizar tarefas repetitivas. Esses indivíduos perdem suas coisas, se distraem facilmente, às vezes com um pequeno ruído e, algumas vezes, sentem-se "no mundo da lua". Eles podem, também, serem impulsivos. Terminam as frases pelos outros, interrompem outras pessoas quando estas estão ocupadas, falam muito em situações sociais e tem dificuldade em esperar sua vez. Também podem ser muito inquietos, com dificuldade de relaxar ou de permanecerem sentados. É claro que esses sintomas nem sempre representam um TDAH, podendo estar presentes em outros transtornos ou se deverem a situações específicas que a pessoa esteja vivenciando naquele momento.
Porém, caso seja determinado que a pessoa apresenta TDAH, o tratamento (seja com medicação, seja com psicoterapia ou com os dois juntos) deve ser indicado e realizado, pois pode melhorar bastante o funcionamento do indivíduo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O que é bullying?

A palavra Bullying é um termo que ainda não tem uma tradução uniformemente aceita para o português, mas significa ameaça ou intimidação. Ela se refere a uma situação comum nas escolas, e envolve as situações em que um aluno sofre por atitudes agressivas intencionais e repetitivas, com o objetivo de intimidá-lo ou ridicularizá-lo. A criança ou o adolescente pode ser vítima de piadas, gracinhas, comentários maldosos e apelidos humilhantes.
O primeiro a estudar este fenômeno foi Dan Olweus, professor da Universidade de Noruega. Ao pesquisar as tendências suicidas entre adolescentes, Olweus descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de bullying.
O Bullying é um problema mundial, é encontrado em qualquer tipo de escola, não se restringindo a um tipo especifico de instituição. Até alguns anos, os pais e as escolas não davam muita atenção para esse tipo de problema, geralmente porque achavam as ofensas bobas demais para terem maiores conseqüências.
Os indivíduos que perpetram o bullying costumam ter dificuldade em estabelecer empatia, frequentemente pertencem a famílias desestruturadas ou com pouca demonstração de afeto entre seus membros. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos, comportamento agressivo ou explosivo. Se essas crianças não tiverem um limite para suas atitudes cruéis, podem via a adotarem comportamentos anti-sociais e violentos, podendo vir a ter atitudes delinquentes.
Os alvos são pessoas ou grupos que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Um forte sentimento de insegurança os impede de solicitar ajuda. São pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem ao grupo. A baixa auto-estima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Alguns crêem ser merecedores do que lhes é imposto. Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças. Trocam de colégio com freqüência, ou abandonam os estudos. Há jovens, que por extrema depressão acabam tentando ou cometendo o suicídio.
As testemunhas, representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com a violência e se calam em razão do temor de se tornarem as "próximas vítimas".
As medidas adotadas pela escola para o controle do bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura de não-violência na sociedade. É uma iniciativa ao grupo de alunos que adotam contra um ou vários colegas, em situação desigual de poder, causando intimidação, medo e dificuldades psicológicas aos outros. Elas tem como objetivo conscientizar os alunos a respeitar as diferenças, evitando a queda no desempenho escolar, isolamento, abandono dos estudos e baixa auto-estima. Os pais também podem evitá-lo contendo e dando limite aos comportamentos violentos dos seus filhos e mantendo sempre um ambiente afetivo e aberto em casa.

sábado, 18 de julho de 2009

Recomendo este livro...

Gostaria de recomendar o livro "À espera do sol", de Michael Greenberg. Este livro conta a história real de Sally, que é filha do autor. A então adolescente de 15 anos apresentou um episódio de mania grave com psicose que se inica pelas ruas de Nova Yorque e se prolonga pelos meses seguintes. O autor conta de uma maneira muito sensível e delicada a história da doença da filha e fala sobre seus efeitos na família e na própria maneira de ver a doença, o mundo e a sua própria história. Junto com a história de Sally e de sua família, o pai apresenta outros personagens, como a equipe que trata da menina, um irmão doente e problemático, um paciente judeu ortodoxo e um professor maníaco. É uma narrativa muito bonita, que fornece informações sobre a doença mas que também fala do impacto dela em quem está no turbilhão de emoções que envolve o diagnóstico de uma doença séria. Fiquei muito impressionada com o livro. recomendo!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Medo de avião

O medo de avião é uma das fobias mais comuns. Mais ou menos 1 em cada 6 pessoas apresenta fobia de avião, mas muito mais gente apresenta esse medo em menor intensidade e, algumas vezes, recorrem a medicamentos ou até à ingestão de álcool para conseguir pegar um vôo. As pessoas podem desenvolver fobia de avião por uma série de mecanismos. Algumas vezes a pessoa passou por um vôo ruim (com turbulência, por exemplo), teve alguma crise de pânico ou de ansiedade dentro de um avião e tem muito medo de ter novamente ou mesmo foi exposta a informações sensacionalistas sobre desastres de avião. Também é possível que a pessoa esteja atravessando uma fase de vida difícil ou até que tenha tido algum evento traumático não relacionado a vôos e que o medo ou a ansiedade acabem sendo dirigidos ao avião.

Existem muitas maneiras de desenvolver medo de coisas específicas, mas, certamente, esse não é um processo inteiramente racional. O ser humano não evita as coisas que são mais perigosas para si. Ao contrário, muitas vezes a pessoa tem medo ou fobia de coisas muito menos perigosas do que alguns perigos que a pessoa se expõe rotineiramente.

O importante é lembrar que o medo de avião é tratável, geralmente por psicoterapia. Durante esse processo, o terapeuta auxilia o paciente a lidar com a ansiedade antecipatória (que ocorre dias ou horas antes do vôo), estimula-o a obter o maior número de informações sobre os aviões, e, algumas vezes, pode até fazer vôos curtos junto com a pessoa para auxiliá-la a usar, na prática, o que é aprendido e trabalhando em terapia.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Tiques e Tourette

A Síndrome de Tourette é um quadro clínico caracterizado por tiques involuntários, reações rápidas, movimentos repentinos (espasmos) ou a emissão de sons que ocorrem repetidamente e sempre da mesma maneira. Esses tiques motores e vocais mudam constantemente de intensidade e não existem duas pessoas no mundo que apresentem os mesmos sintomas. Os tiques podem envolver movimentos bruscos involuntários que podem se manifestar em qualquer parte do corpo, mas tipicamente eles ocorrem no rosto e na cabeça em forma de caretas repetidas e na cabeça como um todo em forma de movimentos bruscos, repetidos, de lado-a-lado etc.
O início dos sintomas geralmente se manifesta na infância ou adolescência juventude, eventualmente atingindo estágios crônicos. Porém, no decorrer da vida adulta, frequentemente, os sintomas vão aos poucos se amenizando e diminuindo. Mesmo assim, até hoje ainda não foi encontrada uma cura para a Tourette, mas existem tratamentos que amenizam e mantém o transtorno sob controle.
Infelizmente, existe muita desinformação a respeito desse transtorno e muitos portadores são vítimas de piada, gerando muito sofrimento. Outro aspecto importante é que, algumas vezes, esta doença é acompanhada de coprolalia. A coprolalia é a compulsão que a pessoa tem de repetir palavras obscenas e/ou insultos. Esse tipo de comportamento traz muita dor ao indivíduo e deve ser tratado assim que possível para evitar a discriminação e o sofrimento.
Incluí abaixo um vídeo excelente sobre a doença. Vale a pena clicar!
http://www.overstream.net/view.php?oid=l5ega8i8l6sn

domingo, 12 de julho de 2009

"Por que eu não consigo simplesmente deitar e dormir?"

Essa pergunta já me foi feita inúmeras vezes nos atendimentos que presto. É claro que a insônia tem inúmeras causas, mas, hoje gostaria de discutir uma das mais frequentes. Ela tem a ver com o estilo de vida que a pessoa leva. Nos dias de hoje é muito comum que a pessoa estude, trabalhe, passe muitas horas no trânsito e acabe tendo hábitos de vida ruins, entre eles a privação crônica do sono ou a má higiene do sono. Assim, vemos pessoas que trabalham o dia inteiro, estudam à noite, se desgastam no transporte, e, ao chegar em casa, ainda vão arrumá-la, responder seus e-mails, conferir extratos bancários ou dedicar-se a outras atividades. O tempo de sono é pouco e, mesmo assim, quando a pessoa vai deitar ela não consegue dormir. É muito importante lembrar que o ser humano NÃO tem um botãozinho de liga e desliga. Precisamos chegar em casa, relaxar, tomar um banho morno...enfim...desacelerar. Atividades como as refeições regulares e os exercícios físicos também servem para "regular nosso relógio biológico", nossos ritmos biológicos. Assim, se você trabalha muito ou tem muitas atividades, tente manter uma rotina de exercícos físicos moderados, faça suas refeições na hora certa e se dê o tempo adequado para desacelerar. Evite o consumo excessivo de café durante o dia, o álcool e os medicamentos para dormir (a menos que sejam prescritos pelo médico). E lembre-se: não dá pra ir contra o corpo o tempo todo. Se sua rotina é corrida, programe-se a longo prazo, pra ter um estilo de vida mais tranquilo.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Transtorno Bipolar- o humor e sua oscilações

Estamos vivendo uma época em que o Transtorno Bipolar está sendo cada vez mais conhecido da população e parece ser uma "doença da moda". O que nem todo mundo sabe é que esta é uma doença reconhecida há muitos séculos. Desde a Grécia antiga, já existem relatos de quadros de alterações de humor. Este transtorno caracteriza-se por mudanças acentuadas e súbitas de humor, que interferem grandemente no funcionamento da pessoa e em sua vida familiar, amorosa e profissional. Basicamente, seu portador apresenta sintomas de duas polaridades (daí o seu nome). De um lado, existem os sintomas de depressão, com a tristeza, o desânimo, a negatividade na maneira de ver a vida e as alterações do sono, apetite, libido. De outro lado, estão os sintomas chamados de maníacos, com euforia, irritabilidade, grandiosidade, excesso de auto-estima e auto-confiança, impulsividade e aumento da energia e do nível de atividade. O que nem todo mundo sabe, é que, se não for adequadamente tratada, esta doença pode ser progressiva. Cada episódio de mania ou de depressão é "tóxico" para o cérebro, liberando várias substâncias nocivas para o funcionamento dos neurônios (como a dopamina e o glutamato). Isto pode fazer com que o portador de Transtorno Bipolar, com o tempo, passe a ter problemas de memória, atenção e raciocínio. O importante é que tudo isso pode ser prevenido e amenizado com os medicamentos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Contribuição de Alexandre Magalhães

Pessoal, recebi este texto por e-mail do meu amigo Alexandre, falando sobre o personagem do Dr. Castanho da novela "Caminho das Índias". Sem dúvida esta novela provoca uma série de debate sobre a doença mental e sobre a própria psiquiatria. Reproduzo aqui, na íntegra, a contribuição dele.

"Um certo Dr. Castanho...
O personagem interpretado por Stênio Garcia na novela global “Caminho das Índias”, o excêntrico médico “Dr. Castanho” é, sem dúvida, uma figura singular. Escondido atrás de um inconfundível e nunca abandonado – seja dia ou noite, festa ou conversa com um paciente de sua clínica psiquiátrica – óculos escuros (que serviriam para esconder os traços da velhice de Stênio, afirmam as maldosas vozes dos jornalistas dedicados à “vida” das celebridades). Temos um jocoso “alienista” que visita-nos através do enredo do grande passatempo da segunda metade do século XX no Brasil. Castanho é estranhíssimo... ou não; constituí-se num tipo ímpar, dado as festas de gafieira, nada afeito a jalecos e similares e sempre com o inconfundível óculos de verão. Nas sequencias, bem ao estilo da Sra. Perez, a autora da novela (que insiste em manter um caráter de excessivo didatismo em suas tramas, “ensinando” a “choldra” a acompanhar o desenrolar dos fatos) Castanho/Stênio encontra-se com um personagem médico/aprendiz, residente ou psicólogo, que na verdade fica ali (as vezes meio “bocó”) a fazer perguntas ao psiquiatra, “motes” para um discurso de tese acerca da natureza do psicopata e suas diferenças entre os “loucos” (de “todo o gênero” como diriam nossos Códigos envelhecidos), os esquizofrênicos e côngeneres.Castanho evoca a característica fundamental das psicopatias: a incapacidade de sentir culpa, de perceber que se está fazendo o mal a outrem; já o esquizofrênico, e similares, enquadram-se na categoria de pessoas que perdem o senso da realidade. Se os primeiros são muitas vezes dotados de uma percepção arguta do real, os segundos são atormentados por alucinações de todo gênero: visuais, auditivas, tácteis e outras perturbações.Nós outros, que nos consideramos fora tanto destes quanto de daqueles, sentimos ódio profundo dos psicopatas. Não somos capazes de perceber (e deveríamos ser?) que, no seu íntimo, todas suas ações são plenamente justificadas, todas são atos de “Justiça” (ao menos a seus olhos...). Dos “loucos”, nossos nobres corações sentem pena, a prima pobre da compaixão, sendo incapazes de criar uma sociedade que lhes propicie um tratamento digno, a não ser se forem abastados o suficiente para pagar pelos raros leitos psiquiátricos disponíveis em nosso Brasil “anti-manicômios”. Não é a toa que Castanho é proprietário de uma bucólica clínica particular, sendo que a novela nem de longe aborda o problema do tratamento público das enfermidades mentais. O personagem esquizofrênico é um playboy, filho de uma riquíssima família burguesa; a psicopata, por sua vez, destrói com um golpe surreal – em que chega ao ponto de convencer a vítima a forjar a própria morte – arrasa a vida de um dos “Cadore”, que deixa de ser um executivo de sucesso para ser um “bom vivant” em Dubai, até cair na mais completa miséria. A pobre, vilã, num imaginário “psicopata”, faz justiça, é o Robin Hood da Sra. Perez!!De certa forma, assim, somos cativados pela trama a não ver com tanta “maldade” aquela que engana os “trouxas”, coisa que a TV já torna como regra nos Big Brothers da vida, nos jogos em que a trapaça e o mal caratismo são, no mínimo, indispensáveis.Somos todos obrigados a perceber que mora dentro de nós outros um pequeno psicopata, dado a sentir frêmitos de prazer com a dor a alheia. O sadismo nosso de cada dia, que se manifesta quando o “outro”, favelado, pobre e excluído, é por nós ignorado e construímos desculpas aceitáveis, mil e umas, tantas vezes, de sua condição. Quando, no trabalho ou em casa, nos valemos de nossos pequenos poderes sem sentir um pingo de empatia (aliás, nestes momentos não sabemos o que é isso). Somos forçados a reconhecer que vegetamos na pobreza de espírito de nossas pequenas psicopatias, construindo uma felicidade torpe às custas da dor alheia.Se soubéssemos que justamente as qualidades que são opostas a este comportamento – o colocar-se no lugar do outro, a solidariedade, o carinho, o cuidar, o amor em resumo – nos proporcionam sim a verdadeira felicidade... Mas sabemos? E se sabemos, por que...Bom, deixa pra lá.

Alexandre Magalhães"

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ronaldo e a polêmica Corinthians e Flamengo

Ronaldo se envolveu em mais uma polêmica. Afirmou que a torcida do Corinthians é a maior torcida do Brasil e, com isso, irritou profundamente os flamenguistas. A declaração de Ronaldo poderia passar despercebida se não presenciássemos, com certa frequencia, situações de violência nos estádios, com conflitos generalizados, agressões, depredações de veículos, chegando até a assassinatos de pessoas, simplesmente por estarem usando a camisa de um ou outro time. Uma declaração dessas intensifica tensões e rivalidades e revolta os torcedores. É claro que apenas uma frase não é suficiente para provocar violência. Porém, ela pode, sim, juntar-se a um histórico de rivalidade. Isto, somado a ideia dominante geral de transgressão (incluindo de dirigentes corruptos, de jogadores com atitudes desleais dentro e fora do campo e de juízes vendidos), acaba por incitar a violência.
É claro que isto não invalida o futebol como esporte e como fonte de alegria, diversão e paixão.
E, pra terminar, impossível não citar Nelson Rodrigues, grande cronista e apaixonado por futebol:
"Hoje, o meu personagem da semana é uma das potências do futebol brasileiro. Refiro-me ao torcedor. Parece um pobre-diabo, indefeso e desarmado. Ilusão. Na verdade, a torcida pode salvar ou liquidar um time. É o craque que lida com a bola e chuta. Mas acreditem: o torcedor está por trás, dispondo."
Pena que, aparentemente, Ronaldo não o tenha lido.

Saúde Mental e Dinheiro- quando poupar se torna uma obsessão

A habilidade e a capacidade de poupar costuma ser vista como importante para que as pessoas consigam atingir suas metas, realizar seus sonhos e até ter uma razoável segurança financeira. Porém, algumas pessoas descontrolam-se na preocupação com a poupança e acabam por exagerar nesta prática trazendo grande sofrimento para si e para quam convive com elas. Estas pessoas passam a sentir grande desconforto ou culpa diante de qualquer gasto, mesmo que este gasto seja de pequena monta. Podem apresentar grande dificuldade em comprar uma roupa nova, em levar a família em um restaurante ou em comprar um presente, vivendo em um padrão muito inferior ao que a sua situação financeira perimitiria. Também se preocupam muito com dinheiro, checando insistentemente contas bancárias ou contanto dinheiro. Esses "pães-duro" na verdade podem estar sofrendo de uma variante do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), cujo principal aspecto é o excesso de preocupação com dinheiro e a compulsão por poupar. Seu portador, em geral, reluta em buscar tratamento, mas ele deve ser feito, para evitar sofrimento para o paciente e sua família.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Livros legais para pacientes

Pessoal, hoje escrevo para recomendar três livros bem interessantes e com informações confiáveis dirigidas a pacientes e familiares. Também são excelentes para quem está fazendo formação na área de psiquiatria ou psicologia.
O primeiro deles é "Vencendo o Transtorno Obsessivo-Compulsivo", de Aristides Cordioli, abordando diversos aspectos relacionados ao TOC.
O segundo é "Pense Magro", voltado à abordagem da obesidade. A autora é Judith Beck.
Finalmente, recomendo "A Mente Vencendo o Humor" de Christine Padeski, voltado ao auxílio de pessoas com depressão.
Existe sempre uma carência de informações confiáveis e expostas de forma didática e estas são três opções bem interessantes.

domingo, 5 de julho de 2009

Bronzeado excessivo pode ser sinal de doença

Até o século passado ser bronzeado não era considerado uma característica positiva, pois era associado ao indivíduo ser trabalhador braçal, expondo-se ao sol com frequencia. Porém, a cerca de 30 anos, o bronzeado entrou na moda e, nos últimos anos, recursos como câmaras de bronzeamento artificial e cremes auto-bronzeadores permitem que a pessoa fique bronzeada o ano inteiro. O problema é que, especialmente entre mulheres entre 20 e 30 anos, este hábito pode virar uma obsessão. A pessoa nunca se considera bronzeada o suficiente e passa a expôr-se excessivamente ao sol ou a técnicas de bronzeamento artifical que chegam a colocar a vida da pessoa em risco. Alguns estudiosos do assunto propõem o nome de "tanorexia" a esta entidade, que seria análoga a outras condições em que a visão que a pessoa tem do próprio corpo está acentuadamente distorcida, o chamado dismorfismo corporal. Entre estas estariam a anorexia nervosa e a chamada vigorexia (hábito de praticar excessivamente exercícios visando a hipertrofia muscular). Cuidado! Não caia na cilada dos comportamentos compulsivos.

sábado, 4 de julho de 2009

Efeitos colaterais de medicamentos

Uma situação muito comum na prática clínica é a que vemos quando o médico prescreve um medicamento e, por algum motivo, a pessoa não toma ou o toma de forma incorreta. Por que isso acontece? Uma das principais causas para a não adesão a um tratamento é o medo que o paciente tem dos efeitos colaterais dos medicamentos. Algumas vezes, o paciente acredita que, se tomar determinado remédio, vai aumentar de peso, vai ficar sonolento ou vai ter efeitos adversos no seu funcionamento sexual. Assim, o que observamos, na maioria das vezes, é que a pessoa não toma o medicamento, não porque tenha tido algum efeito colateral, mas por medo de tê-lo. É importante que saibamos que efeitos colaterais acontecem em uma minoria dos pacientes e que, se você tiver a expectativa de ter algum deles, discuta o assunto com seu médico. Se você não usa uma medicação que poderia lhe trazer benefício, você pode estar se privando de um importante recurso que a medicina pode oferecer para o alívio das dores emocionais.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Michael Jackson e opiáceos

Logo após a morte de Michael Jackson começaram a circular notícias de que o popstar teria morrido por overdose de analgésicos opiáceos. Esta notícia mais uma vez chama atenção a uma triste realidade: a dependência de medicamentos. Estas drogas, legais, vendidas em farmácias e usadas em hospitais, muitas vezes acabam sendo objeto de uso indiscriminado e excessivo, até causarem graves problemas à saúde das pessoas que delas fazem uso. Analgésicos, remédios para emagrecer, sedativos, estimulantes podem, sim, matar! É por isso que é tão importante um acompanhamento médico rigoroso e correto. E, acima de tudo, é preciso que médicos e farmacêuticos atuem de forma ÉTICA no que se refere à prescrição e a venda desse tipo de medicamento.

A psiquiatria e você

A psiquiatria é uma especialidade médica. Isto significa dizer que o psiquiatra é um médico com formação especializada através de residência médica ou curso específico de especialização que o capacita a diagnosticar e tratar as doenças mentais, comportamentais e relacionadas aos aspectos psicológicos e emocionais. Uma situação muito comum é que as pessoas tenham muito medo de ir a um psiquiatra, relutando, mesmo quando indicadas por médicos de outras especialidades, por outros profissionais de saúde ou por familiares. A verdade é que a psiquiatria é um campo de rápido desenvolvimento e que conta hoje com um arsenal terapêutico variado, que vai desde o uso de medicações até diferentes técnicas psicoterapêuticas. É muito triste que o preconceito e o desconhecimento dificultem ou até impeçam que pessoas que poderiam se beneficiar de todo um campo de conhecimento não o façam.